Instituto Alternativo
Quem Somos

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Um Pouco da Nossa História

A década de 1980 foi marcada por diversos eventos fundamentais para a história do Brasil. Finalmente o Brasil saía de uma ditadura civil-militar que já durava 21 anos. Nesse contexto de muitas mudanças sociais, diversas experiências emancipatórias se desenvolviam no país, algumas delas inspiradas pelas ideias de Paulo Freire. Dentro da Igreja Católica, o movimento da Teologia da Libertação era a base de uma atuação da militância católica progressista na luta pela superação de injustiças sociais.

Em Manaus, a Paróquia de São Pedro Apóstolo, no bairro de Petrópolis, desenvolvia ações de suas pastorais em comunidades eclesiais, denominadas de diaconias, onde a fé cristã era confrontada com os problemas sociais vividos pela comunidade. Um desses problemas era o analfabetismo que estava muito presente entres as pessoas que moravam em Petrópolis.

Em razão disso, lideranças católicas, sobretudo jovens, procuram desenvolver ações para reduzir o analfabetismo entre as pessoas do bairro. Para isso, buscaram se apoiar no método de alfabetização de Paulo Freire, que juntava a leitura das palavras com a leitura do mundo vivido pelos indivíduos. Como decorrência dessa leitura do mundo e da ação que os católicos deveriam ter para superar as mazelas sociais, inicia-se a experiência do Cursinho Alternativo do bairro de Petrópolis.

Em 1987, jovens da paróquia de São Pedro do bairro de Petrópolis, em Manaus, inspirados pelas ideias de Paulo Freire e da Teologia da Libertação, criaram o Cursinho Alternativo. Esses jovens viram que na realidade em que viviam havia um número significativo de outros jovens que terminavam o Ensino Médio nas escolas públicas, mas que não conseguiam passar no vestibular da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).  Havia, basicamente, duas razões para isso acontecer: a precariedade do ensino público e a baixa renda das famílias, que não permitia pagarem cursinhos privados para que seus/suas filhos/filhas pudessem disputar o vestibular da  Ufam nas mesmas condições dos/das filhas/filhos das classes sociais com maior recurso econômico.

Uma das turmas do Cursinho Alternativo na década de 1990, quando foi preciso utilizar as salas de aula da Escola São Lázaro no turno da noite.

No final de 1987, os jovens da comunidade que já cursavam a Ufam ou que tinham estudado em escolas públicas com boa qualidade de ensino, como a Escola Técnica Federal, lecionaram de forma gratuita para a primeira turma do cursinho Alternativo. No vestibular do ano seguinte, pelo menos 70% da turma foi aprovado, o que fez com que mais jovens pedissem que as aulas preparatórias continuassem. Chamaram o cursinho de Alternativo para se contrapor aos cursinhos tradicionais e privados da cidade, cujas mensalidades eram de valor proibitivo para os estudantes de baixa renda.

Até 2004 o Cursinho Alternativo funcionava não se constituía em uma entidade formal. A partir daquele ano o cursinho deixa informalidade e passa a ser denominado de Instituto Alternativo, uma associação sem fins lucrativos. A partir da formalização do Alternativo, novas pautas foram incorporadas a sua atuação, com destaque para a promoção da cultura, da economia solidária, de ações em defesa do meio ambiente, da inclusão digital, de promoção de direitos sociais, dentre outras questões.

Durante todo o esse tempo que o Alternativo existe, o seu objetivo é contribuir para melhorar as condições sociais de moradores de baixa renda do bairro de Petrópolis, da periferia e da área rural de Manaus, contribuindo com outras forças sociais para que tenhamos uma cidade e uma Amazônia para todos e todas. Procuramos alcançar esse objetivo realizando ações que engajem a comunidade nessas lutas por uma Manaus de todos e todas, assim como nos aliamos a movimentos sociais (movimento de moradia, por saúde, educação, juventude), organizações sociais (Paróquia de São Pedro, Cáritas Diocesana, sindicatos, associações de moradores) e instituições públicas de ensino (Ufam, Ifam, UEA, escolas estaduais) para produzirmos na realidade em que atuamos transformações necessárias para uma cidade que seja de fato um direito de todos e todas.

Nesses anos que funcionamos, a vida de muitos/as jovens, trabalhadores e trabalhadoras foram transformadas para melhor, como, por exemplo, os/as ex-alunos/as do Cursinho Alternativo que ocupam hoje espaços importantes, como nas universidades. Nesse espaço procuram desenvolver atividades que também objetivam contribuir com transformações sociais para termos uma sociedade melhor.

Assim como ex-alunos/as que atuam na academia, outras pessoas, que participaram do cursinho e de outras ações desenvolvidas pelo Alternativo, também ocupam diversos espaços, como a escola pública municipal e estadual, o campo da luta por direitos, a medicina, a economia, a administração pública e privada, a contabilidade, a tecnologia da informação, a cultura, o esporte, dentre outras áreas. Nesses espaços, esses indivíduos procuram reproduzir a experiência de solidariedade que viveram no Alternativo como meio para se buscar construir um realidade social justa e verdadeiramente humana.

Apesar das dificuldades financeiras, permanecemos com nossas atividades, porque entendemos que somente com a organização popular poderemos construir a cidade e a sociedade que queremos.